Este ano, a criptomoeda pareceu menos uma experiência e mais um mercado em maturação, moldado pela consolidação institucional, regulamentação mais rápida e crescente pressão macroeconómica.
À medida que a indústria avança para 2026, a sua direção dependerá de quais ativos podem suportar o escrutínio institucional e de como o risco de recessão, as mudanças na política monetária e a adoção de stablecoins remodelam o lugar da criptomoeda dentro da ordem financeira baseada no dólar.
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Capital institucional força consolidação cripto
Ao longo de 2025, a BeInCrypto conversou com investidores experientes e economistas de destaque para avaliar para onde a indústria cripto está a dirigir-se e o que está reservado para um setor há muito definido pela incerteza.
O investidor do Shark Tank, Kevin O'Leary, parte de uma premissa simples. À medida que o capital institucional entra, a criptomoeda afasta-se da busca interminável de tokens e move-se para um conjunto restrito de ativos que podem justificar alocação a longo prazo.
Ele apontou para a sua própria experiência como estudo de caso. O'Leary começou como cético das criptomoedas, mas à medida que a regulamentação começou a tomar forma, ele optou por ganhar exposição.
No início, isso significava comprar de forma ampla. A sua carteira cresceu para 27 tokens. Mais tarde, concluiu que a abordagem era excessiva. Hoje, detém apenas três criptomoedas, que, segundo ele, são mais do que suficientes para as suas necessidades.
Para O'Leary, cada ativo serve uma função específica. Ele descreveu o Bitcoin como uma proteção contra a inflação, comparando-o frequentemente ao ouro digital definido pela escassez e descentralização.
O Ethereum, por outro lado, serve não como moeda, mas como infraestrutura central para um novo sistema financeiro, com crescimento a longo prazo ligado à sua tecnologia. Stablecoins, observou ele, eram mantidas por flexibilidade e não por valorização.
Essa estrutura informa a sua perspetiva para 2026. À medida que a regulamentação avança e a participação institucional se aprofunda, O'Leary espera que o capital se concentre em torno do Bitcoin e do Ethereum como principais participações do mercado. Outros tokens terão dificuldade em justificar alocação sustentada e competirão em grande parte nas margens.
Nesse ambiente, o investimento em criptomoedas afasta-se da especulação e aproxima-se da construção disciplinada de carteiras, mais próximo de como as classes de ativos tradicionais são geridas.
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Mas mesmo enquanto os investidores estreitam as suas participações, a questão de quem controla, em última análise, os trilhos monetários da criptomoeda está a tornar-se mais complicada.
Controlo do dólar move-se onchain
Enquanto investidores como O'Leary se concentram em reduzir a exposição, o economista grego e ex-ministro das finanças Yanis Varoufakis apontou para uma mudança diferente.
Num episódio de podcast da BeInCrypto, ele argumentou que o controlo sobre a infraestrutura monetária da criptomoeda está a apertar-se, particularmente à medida que as stablecoins passam a estar sob supervisão estatal e corporativa mais próxima.
Varoufakis apontou a política recente dos EUA como um ponto de viragem. Ao avançar com legislação como o GENIUS Act, Washington está a abraçar uma extensão do sistema do dólar baseada em stablecoins. Em vez de desafiar a ordem financeira existente, as stablecoins estão a ser posicionadas para reforçá-la.
Ele ligou esta abordagem à lógica do chamado Acordo de Mar-a-Lago, que procura enfraquecer o valor de câmbio do dólar enquanto preserva o seu domínio nos pagamentos globais. Essa contradição está no centro da sua preocupação.
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Varoufakis alertou que este modelo terceiriza o poder monetário para emissores privados, aumentando a concentração financeira enquanto reduz a responsabilidade pública. Os riscos, disse ele, estendem-se para além dos EUA, à medida que as stablecoins apoiadas em dólares se espalham por economias estrangeiras.
Olhando para 2026, ele descreveu as stablecoins como uma linha de falha sistémica.
Uma falha importante poderia desencadear um choque financeiro transfronteiriço, expondo a vulnerabilidade mais profunda da criptomoeda, não a volatilidade, mas o seu crescente envolvimento com estruturas de poder legadas.
Estes riscos permanecem em grande parte teóricos em condições calmas. O verdadeiro teste surge quando o crescimento abranda, a liquidez aperta e os mercados começam a tensionar-se.
O ex-consultor económico de Ronald Reagan, Steve Hanke, alertou que tal teste de stress está a aproximar-se.
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Desaceleração económica testa mercados sob stress
Num episódio de podcast da BeInCrypto, o professor de economia aplicada da Johns Hopkins disse que a economia dos EUA está a caminhar para uma recessão, impulsionada não pela inflação, mas pela incerteza política e fraco crescimento monetário.
Hanke apontou a política tarifária inconsistente e os défices fiscais em expansão como principais entraves ao investimento e à confiança.
À medida que as condições económicas se deterioram, Hanke espera que a Reserva Federal continue a responder com uma política monetária mais flexível.
Ele não abordou a criptomoeda diretamente. A sua perspetiva macro, no entanto, define as condições sob as quais a criptomoeda será testada.
Baixa liquidez seguida de flexibilização súbita historicamente expôs fraquezas em mercados financeiros, particularmente em sistemas dependentes de alavancagem ou confiança frágil.
Para a criptomoeda, a implicação é estrutural e não especulativa.
Num ambiente moldado pelo risco de recessão e volatilidade política, o stress revela o que o crescimento esconde. O que perdura não é o que se expande mais rapidamente, mas o que é construído para suportar a contração.
Fonte: https://beincrypto.com/financial-giants-crypto-industry-prediction-2026/
