O CEO da empresa sul-coreana Innospace, Kim Soo-jong, publicou nesta 3ª feira (23.dez.2025) uma carta aos acionistas em que pede desculpas por não ter conseguido concluir o 1º lançamento comercial de um foguete a partir do Brasil. A missão foi realizada no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, na noite de 2ª feira (22.dez).
Segundo a empresa, uma anomalia foi detectada cerca de 30 segundos depois da decolagem do foguete HANBIT-Nano. Diante do problema, a Innospace optou por realizar a queda controlada do veículo dentro da zona de segurança terrestre previamente definida nos protocolos da missão.
Na carta, Kim Soo-jong afirmou que não houve danos a pessoas, embarcações, instalações em solo ou a terceiros. De acordo com ele, todos os procedimentos de segurança foram executados conforme o planejado e em linha com padrões internacionais, incluindo as normas exigidas pelas autoridades aeronáuticas brasileiras.
“O lançamento foi conduzido dentro do sistema de segurança estabelecido de acordo com os padrões internacionais”, afirmou o executivo, em comunicado.
O foguete foi lançado às 22h13 (horário de Brasília). Durante a transmissão ao vivo, a equipe responsável exibiu a mensagem “We experienced an anomaly during the flight” (“Identificamos uma anomalia durante o voo”). Pouco depois, o sinal foi interrompido.
Apesar de a missão não ter sido concluída com sucesso, a Innospace afirmou que conseguiu coletar dados relevantes de voo, propulsão e operação em ambiente real. Segundo a empresa, essas informações serão usadas para aprimorar o projeto do lançador e aumentar a confiabilidade das próximas missões.
A companhia informou ainda que trabalha em conjunto com autoridades brasileiras para analisar os dados de voo e apurar as causas da falha. A expectativa, de acordo com o CEO, é realizar um novo lançamento comercial no 1º semestre de 2026.
Assista ao vídeo do lançamento do foguete:
O voo não era tripulado e tinha como objetivo colocar em órbita equipamentos voltados à coleta de dados ambientais, testes de comunicação em órbita, monitoramento de fenômenos solares e validação de tecnologias de navegação.
A missão, batizada de Spaceward, utilizava o foguete Hanbit-Nano, de 21,3 metros de altura e cerca de 20 toneladas. O veículo, desenvolvido pela Innospace, transportava 8 cargas úteis, sendo 7 brasileiras e uma da Índia, que somavam aproximadamente 18 quilos. Os equipamentos foram desenvolvidos por universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas nacionais.
Entre as cargas brasileiras estavam os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, da Universidade Federal de Santa Catarina; o Sistema de Navegação Inercial, desenvolvido por empresas nacionais com apoio da AEB (Agência Espacial Brasileira); e o satélite educacional Pion-BR2 – Cientistas de Alcântara, da Universidade Federal do Maranhão, em parceria com a AEB, o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a startup Pion.
A operação de lançamento envolveu 27 profissionais responsáveis por monitorar e autorizar cada etapa do processo.


