O telescópio Hubble capturou esta imagem do 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o cometa estava a 446 milhões de quilômetros da Terra International Gem O telescópio Hubble capturou esta imagem do 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o cometa estava a 446 milhões de quilômetros da Terra International Gem

Os mistérios e as descobertas sobre o cometa 3I/Atlas, que está de passagem pelo Sistema Solar

2025/12/19 03:17
O telescópio Hubble capturou esta imagem do 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o cometa estava a 446 milhões de quilômetros da Terra — Foto: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/B. Bolin O telescópio Hubble capturou esta imagem do 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o cometa estava a 446 milhões de quilômetros da Terra — Foto: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/B. Bolin

As notícias sobre a descoberta do 3I/Atlas, um cometa "estrangeiro", que veio de fora do Sistema Solar, viajaram numa velocidade comparável à do próprio objeto interestelar.

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E, junto com as informações divulgadas a partir de julho de 2025, surgiram também especulações e alegações que fogem do consenso de especialistas da área: algumas versavam sobre o risco desse cometa se chocar com a Terra; outras sugeriam que ele seria, na verdade, uma nave alienígena.

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Na próxima sexta-feira (19/12), o 3I/Atlas estará no ponto mais perto de nosso planeta — embora, como você entenderá ao longo da reportagem, falar em proximidade aqui seja praticamente um exagero.

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Mas essa posição dele permitirá que alguns telescópios e outros equipamentos avançados capturem imagens e façam medições valiosas sobre esse cometa — o que, por sua vez, pode nos ajudar a entender um pouco melhor como sistemas planetares diferentes do nosso foram formados.

Mas o que já sabemos sobre o 3I/Atlas? E quais mistérios ainda carecem de esclarecimentos? Entenda a seguir como esse objeto que veio de lugares muito distantes pode trazer respostas valiosas.

O que é o 3I/Atlas?

O astrônomo Jorge Marcio Carvano, do Observatório Nacional, explica que cometas são objetos feitos de gelo e poeira que se formaram em regiões periféricas dos sistemas planetares.

Mas o que torna o 3I/Atlas tão especial? O ponto é que a vasta maioria dos cometas observados pelos cientistas nos últimos séculos se originaram dentro do Sistema Solar.

O 3I/Atlas é apenas o terceiro objeto interestelar, que vem de fora de nossa "vizinhança" formada por Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, etc., a ser captado pelos observatórios, laboratórios e centros de pesquisas das agências espaciais e das universidades.

Os outros dois são o Oumuamua, descoberto em 2017, e o Borisov, em 2019.

E isso abre uma janela de oportunidade única: entender como outros sistemas planetários, diferentes do nosso, nasceram.

"Os cometas são feitos de grãos de poeira com gelo que não chegaram muito próximo do Sol em nenhum ponto da sua formação. Então esse material fica preservado", contextualiza Carvano.

"Quando a gente observa os cometas, conseguimos estudar o que aconteceu no início da formação do Sistema Solar, para entender como foram os processos que geraram a Terra e os outros planetas", complementa o especialista.

É possível que esses objetos também estejam relacionados à origem da água na Terra — algumas evidências sugerem que parte da água disponível no nosso planeta tenha vindo de asteroides ou cometas.

"Além disso, esses objetos tendem a ser ricos em material orgânico, o que abre a possibilidade de eles terem alguma relação com o aparecimento da vida no Sistema Solar", acrescenta Carvano.

No caso específico do 3I/Atlas, isso tudo ganha outra proporção, como mencionado anteriormente.

"Como ele vem de outro local, há possibilidade de entender essas questões numa escala maior, a partir de outras estrelas e da formação de outros sistemas planetários", diz o astrônomo.

Respostas no ritmo da Ciência

Vale ponderar, no entanto, que todo esse conhecimento vai demorar a ganhar forma.

Isso porque é necessário capturar as imagens, fazer todas as medições, para aí sim começar as análises e interpretações dos dados — algo que pode levar meses ou até anos.

Uma data-chave para esse esforço é o dia 19 de dezembro, data em que o 3I/Atlas atingirá o ponto mais próximo em relação à Terra — algo em torno de 270 milhões de quilômetros, ou quase duas vezes a distância do nosso planeta até o Sol.

Isso permitirá que diferentes equipamentos, como o telescópio Hubble, realizem observações e captem detalhes do 3I/Atlas.

Para ter ideia, até estimativas que parecem mais simples podem ser bem complicadas de fazer quando falamos em distâncias estelares.

É o caso, por exemplo, de saber o tamanho desse cometa: inicialmente, agências como a Nasa afirmavam que o 3I/Atlas deveria ter algo entre 300 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro.

"Algumas observações e modelos recentes sugerem que esse cometa tem um tamanho menor, algo como 600 a 800 metros de diâmetro", informa Carvano.

Essa conta é dificultada porque, conforme viaja pelo espaço e se aproxima do Sol, o objeto é rodeado por uma grande nuvem de gás e poeira.

Lembra que o cometa é formado por gelo? Ao chegar perto de uma estrela, o calor e a radiação dão início a um processo de sublimação, ou seja, de conversão do gelo em gás.

E, junto com a liberação de substâncias em estado gasoso, o cometa também perde parte da poeira que estava encapsulada em seu interior.

É justamente isso que forma aquele rastro, ou a chamada "cauda do cometa" — que, no caso do 3I/Atlas, foi alvo de uma controvérsia.

Cometa ou nave alienígena?

Isso porque esse objeto interestelar apresentou em algumas ocasiões um comportamento um tanto diferente na liberação de gases e poeira.

Carvano explica que, geralmente, pela ação da radiação e dos ventos solares, as caudas dos cometas se formam e são "sopradas" na direção contrária ao Sol.

No entanto, foi observado que o 3I/Atlas também fazia essa liberação de gases e poeira na direção do Sol, como se fosse uma "cauda reversa" — ou um "topete".

E essa evidência ajudou a dar fôlego a algumas teorias que sugerem que o 3I/Atlas seria, na verdade, uma nave alienígena.

Mas tal alegação é descartada pelo consenso dos cientistas que fazem pesquisas nessa área da astronomia.

Numa coletiva de imprensa realizada em novembro, Amit Kshatriya, um dos representantes da Nasa, falou diretamente sobre esse debate, que ele classificou como um "rumor".

"Acho importante falarmos sobre isso [as origens do 3I/Atlas]. Esse objeto é um cometa. Ele tem a aparência e comportamento de um cometa. E todas as evidências apontam para que ele seja um cometa", comentou ele.

Carvano acrescenta que é esperado que um objeto que se originou fora do Sistema Solar tenha comportamentos e padrões um pouco diferentes ao que estamos acostumados.

"Mesmo essa questão da cauda na direção do Sol, nós já observamos isso em cometas do próprio Sistema Solar", exemplifica ele.

"O 3I/Atlas é um objeto que vem de fora do Sistema Solar, a gente já esperava que ele tivesse uma composição diferente da média", complementa o especialista.

Entre notícias e boatos, Carvano acredita que novos objetos interestelares que estejam de passagem pelas nossas vizinhanças da Via Láctea sejam encontrados ao longo dos próximos anos.

"Nós agora temos telescópios melhores e conseguimos analisar os dados de maneira mais eficiente, o que facilita a descoberta desse tipo de objeto", observa ele.

"Vivemos uma época bastante excitante para o estudo dos cometas", constata o astrônomo.

Quando foi descoberto, o 3I/Atlas viajava a uma velocidade de 221 mil km/h — e sua trajetória indica que essa será a primeira — e única — vez que ele passará "perto" do planeta Terra.

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